domingo, 17 de julho de 2011

Democracia na Geração Coca Cola


“Demoniocracia”:
Que me perdoe Renato Russo, mas na minha interpretação a geração coca cola é a geração do consumo. E nesse ínterim podemos avaliar o termo democracia, ou seja o governo do povo em nossa sociedade como fachada e maquiagem da verdadeira barbárie escondida e potencializada pelo sistema.
Alias, um amigo meu com tendências socialistas já me perguntava sobre o que eu acho da democracia ocidental, já que eu mesmo seria tão voltado a ela.
Bem eu acredito na democracia onde o Povo participa do governo, mas no ocidente o que existe é o burle da mesma. O leviatan de Hobbes se multipicou em vários filhotinhos. E hoje os três poderes estão a mercê de outros poderes, que cumprem a lei, burlando a lei, roubando descaradamente como verdadeiros estelionatários corporativos, dominando o monopólio nas praças de consumo. Eles dizem acreditar em igualdade para manterem a cara lavada e o bolso cheio de dinheiro, cobrando juros altíssimos e levando ao povo serviços que estão além do bom senso. Remunerando de maneira mesquinha seus funcionários, terceirizando o proletariado, enriquecendo a custas daqueles que vivem para comer e pagar contas. Sim, meu caro, eu falo dos bancos, das grandes instituições que monopolizam o mercado em que atuam, das corrupções de empresas farmacológicas e de outros vários setores que em via de fiscalização fazem o máximo para se beneficiarem aproveitando brechas legislativas.
De fato, acredito sim na busca de igualdade, mas não na eliminação da diferença.
Assim eles dizem: “Se não se pode ir contra a democracia, a saber o governo do povo, vamos condicionar o povo…”
 Por isso como você sabe o  entretenimento midiático visa  justamente a distração das  pessoas. Porém apenas no que  se refere a sociedade,  porquanto a vida em si é mais  do que isso, a existência não se  resume meramente em termos  sociais. Quem dera o problema  da existência fosse apenas as  contingências sociais.
Assim sendo não posso ser contra a distração em termos terapêuticos o que favorece infelizmente nossa passividade militante.
No Brasil os caras só se preocupam com censuras do tipo: “Posso mostrar a bunda da mulher jaca ou não posso?” Enquanto as questões cruciais ficam na mão dos articuladores da verdadeira censura que óbvio não tem cara de censura… Fato incontestável.
Uma das formas mais eficazes que vejo na censura midiática é sem dúvida a formulação de rótulos que evita a argumentação e o escrutínio. Se você, por exemplo, quer discutir e criticar com veemência aquilo que obviamente é um tipo de insanidade exploradora logo esses zumbis abobalhados te acusarão com base em critérios simplistas, do tipo: Você é paranóico, você é fantasioso, você é capitalista ou comunista, é religioso ou cético, como se os indivíduos coubessem nessas gaiolas ideológicas, claro, é bem verdade que muitas pessoas se fazem e se vestem dessas roupagens, no entanto a manipulação é o abandono do escrutínio e é isso que acho quase imperdoável no Brasil.
As pessoas querem ser descoladas, querem parecer boas para essa cultura de espetáculos intermináveis. Só que elas nem sabem quem são, quando vão ver estão enjauladas em performances falsificadas, e no embrutecimento da hipocrisia.
Sartre já dizia que a elite pensante é só mais um subterfúgio para se evitar a verdadeira militância.
E esse status quo patético é o que buscamos todo o tempo, porque mesmo sabendo racionalmente que tudo isso é tolice e que no final estaremos mortos e bem sepultados, vivemos correndo de lá pra cá tentando ser bons para se ganhar misérias afetivas. Mas essa é a condição humana. E o facebook assim como todas essas comunidades virtuais trabalham seus mecanismos para o encontro dos ditames da carência humana. Mas mesmo isso constatado, não asseguro que tudo faça parte de uma conspiração unilateral.
Tudo é um jogo, um campeonato com muitos times, e como diria o pregador de Eclesiastes, não passa de vaidade, porque nada há de novo debaixo do sol.
A luta de classes sempre existiu entre os que alcançaram o status social e aqueles que se tornaram antagonistas pelo desfavorecimento coletivo ou mesmo existencial. A burguesia atinge seu ápice de crueldade no instante em que sua condição satisfatória é ameaçada aí então eles voltam a ser animais e são capazes de matar. Mas o sonho burguês é o que nos afeta, o sonho de enriquecer e tomar o poder. Essa máxima o Marx discerniu bem quando cunhou os sonhos capitalistas de sonhos ilusórios, e Arendt foi mais além quando identificou o sonho dos homens como limitação genuína do livre arbítrio de poucas escolhas.
Quando John Lennon diz que o sonho acabou ele acerta em cheio, porque o que as pessoas desejam não é sonho é consumo em via de uma sobrevivência que a mãe terra já nos tinha garantido.
O verdadeiro sonho quem tem são os visionários, os loucos de hoje que se tornam heróis do porvir.
Mas na via da aristocracia nos tornamos políticos polidos e aliás esse é o fruto dos contratos sociais, porque o enfoque está no egoísmo e não no bem e na verdade.
Reconhecer essas coisas nos faz bem, porém a vida mesmo demonstra traços de bizarrice e loucura.
Como podemos pedir justiça na sociedade se a vida em si não é justa?
Imagine as variáveis que temos que lidar para entender como Hitler chegou ao poder. Não foram meras estratégias políticas, ele também contou com um fator ao qual atribuímos a sorte, porém “sorte” é só um termo que tapa a lacuna mas nada explica.
Nesse sentido podemos olhar no espelho e ver apenas criaturas medíocres e essa é a verdade que não queremos encarar. O lema é se dar bem, porque os indivíduos agem como cachorrinhos que comem as migalhas que caem das mesas de seus senhores…
Mas quem é senhor? Um visionário não tem senhor senão a vida, mas não no sentido de rebelião, agressão e infortúnio constrangedor e sim no sentido de se eliminar pedras de tropeço que o impeçam de ter a única dignidade que lhe foi outorgada a de ser gente.
O fato é que nessa brincadeira ciberespacial perdemos nossa própria condição humana, posto que todo nosso potencial é limitado ao reconhecimento midiatico, assim as pessoas ficam trocando de ideologia a todo o tempo, seguindo modismos se curvando a esses deuses humanos robotizados de fama infame. Nesses antros de seguidores imbecis se cultuando entre si na verdadeira manifestação da geração coca cola clonada em laboratórios. Digo isso como diagnóstico e não com rancor. Essa rispidez presente nada tem a ver com rigidez ignorante.
Estamos todos a competir entre si e se isso é fruto da existência ou da sociedade, uma pequena análise histórica esclarecerá nossa dúvida. O problema do homem é o âmago, a saber, sua condição existencial.
Nós vivemos em uma corda bamba fazendo escolhas a todo o tempo, cheios de carências, iras, contendas, desejos que a todo tempo temos que refrear dado o fato de que os mesmos não possam ser satisfeitos. Nesse negativismo poderia dizer sem problemas que o indivíduo que morre sem enlouquecer é um vencedor. No meu caso já é tarde, já pensei demais para ficar normalzinho, nesse quesito não vou partir para as cabeças. Deus me livre de ser um Gyodai que com seu olho mágico torna um inseto em monstro gigante, mas os que já são monstros só mesmo um inseticida poderoso para eliminar, no entanto me refiro as idéias torpes e não a pessoas ou etnias.
Quando os hutus chamavam os tutsis de baratas, não podiam enxergar que o germe e a doença estavam em suas idéias. Eleve a competitividade a 100 e verá que os grupos uniformizados nunca foram inclusivos, são exclusivos simplesmente porque já definiram a verdade, como se a mesma pudesse ser definida em meros parâmetros lingüísticos. Veja se a torah de Moisés foi o suficiente para conter os pecados do povo. E não é a toa que Jesus nunca escreveu livros, já que não poderia limitar seus ensinamentos meramente as letras.
Mas as letras também combatem letras e nesse caso são importantes, porque influenciam para o bem e para o mal. Não foram os nazi facistas que se inspiraram na filosofia dialética de Hegel e no suposto anti-semitismo de Nietzsche? O banho de sangue que se viu no governo jacobino de Robespierre também foi incitado pela filosofia de Jacques Rousseau e outros iluministas. Ora, isso evidencia que a busca pelo conhecimento também é marcada por tramas sem fim e não seria loucura admitir intervenções externas e palpáveis de um espírito perverso agindo no coletivo, dando poderes e tirando poderes. Aliciando lideranças e tornando-as obsoletas ao seu bel prazer. Não é verdade que a própria Bíblia foi utilizada para justificar a destruição, o saque e os homicídios sem fim? Certamente não duvido das forças das letras, mas mais do que isso não duvido do espírito que os homens põem nelas.
Fato é que os homens transformam qualquer idéia boa em matéria prima pra se fazer o mal. Assim foi no stalinismo, assim foi na inquisição e assim será no porvir até que esse sistema de coisas termine.
Tudo isso é de fácil entendimento, mas exigem de nós apenas duas coisas, honestidade e síntese. O resto vem com o tempo. No entanto as pessoas querem a mediocridade, acreditam nela e gostam de comer bosta, como diria Edir Macedo segundo Caio Fábio. De minha parte todos esses que tendo oportunidade de enxergar e negando isso enfaticamente tem por certo as condolências. Quem quiser ficar cego que fique, porque os piores cegos são esses que conhecendo muito se fecharam para um conhecimento essencial que ainda não possuem.
Eu respeito a ignorância dos outros, mas não posso respeitar quem não respeita minha compreensão, porque isso se constitui como preconceito, marca registrada de quem vive nos ditames do senso comum e na zona de maquiagem existencial. Com o miserável medo de não querer enxergar a verdade. 
Eu não nego a vida, não preciso me render ao niilismo, mas não posso negar esse reducionismo social, esse embargo camuflado que deprecia boas idéias e glorifica a estupidez. O reino dos céus não está em nossa sociedade, não sinto nem o cheiro dele, mas ainda bem que Cristo mencionou a sua total invisibilidade para o mundo.
Quem quiser se entregar a passividade mental que o faça, porque ativar seus neurônios também não é garantia de nada, é só uma tentativa desesperadora de não ser mais manipulado, o que pode causar muitos rancores, confusões e mal-entendidos… Grande abraço a todos.  Fiquem aí com a música – Geração coca cola do Legião… Até mais…
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