Para Baruch Espinosa a origem do Cosmos é o próprio Deus que por sua vez é a natureza, posto que o Universo é tudo que existe. Segue-se, portanto uma forma de racionalismo teológico materialista, forte influencia nos círculos de teologia liberal.
Já para outros incluindo eu mesmo, Deus é o transcendente porque Ele não está em um lugar, Ele é o lugar.
Aqui poderíamos perguntar: “Deus habita o mundo não existente?”
Ora, Ele é o mundo.
Assim como eu estou no meu corpo, também sou meu corpo, desta forma Deus é, e está em si mesmo.
Dito isto, admitimos que Ele não surgiu de um lugar, que não fosse Ele próprio. Neste caso não teremos problemas para conceber sua grandeza e Eternidade.
Desta forma Deus em seu Ex Nihilo (Criação a partir do nada) põe no homem o paradoxo da vida, a saber, a eternidade em seu coração. O homem como sendo uma junção de partículas deve admitir, portanto que a matéria foi feita para colisão.
É como num liquidificador que bate a fruta o leite e o açúcar, para gerar uma nova combinação de substancias, a que chamamos de suco ou vitamina. Neste caso o corpo sabe que a matéria quando colide provoca o acidente. Assim chegamos a conclusão que o acidente, o impacto é normal e totalmente natural no mundo da matéria. Agora mesmo acabei de prensar meu dedo na janela. Isso dói muito, a dor incita minha consciência de ser, que tal situação não é justa, embora isso aconteça todo o tempo com objetos e coisas inanimadas.
Toda matéria foi feita para se colidir. Lembremo-nos do Colisor de Hádrons o grande acelerador de partículas com a maior capacidade energética existente no mundo. Este é o LHC da organização CERN que fica na fronteira franco-suiça, próximo a Genebra. Através dele fazem-se pesquisas para descobrirmos mais de nossa origem.
Mas quanto a matéria, o paradoxo se encontra na estrutura da consciência humana que a habita. Como disse agora pouco, conforme Salomão, Deus pôs a eternidade no coração dos homens, posto que este mesmo é criado do Eterno. Neste ponto admitimos que para a consciência, tanto a morte como os acidentes não são coisas naturais, uma vez que sua natureza é outra, advinda diretamente do Eterno e não meramente do Ex nihilo pelo Eterno. Assim ela busca organizar-se e andar prudentemente para evitar a dança de colisões do Cosmo, quando esta por sua vez ameace tal matéria.
A consciência anseia a progressão de si mesma.
Ora, não existe consciência que não queira progredir ou que deseje a morte!
Se desejar morrer é porque crê num lugar de transcendência, do contrário padece do desejo por suicídio que nada mais é do que uma patologia. No entanto o próprio suicida desejaria viver se fosse livre de seu tormento, isso digo tanto no que se refere ao psiquismo quanto ao pedido de eutanásia, uma vez que considere seu corpo totalmente inapto para continuar existindo.
Dessa forma fica claro que o paradoxo se encontra justamente na consciência que deseja permanecer e da matéria que inevitavelmente procura colidir. O impacto pode causar a morte do organismo, interrompendo assim a capacidade cognitiva. Aqui fica fácil de entender o porque do corpo glorificado de Jesus ter o poder de ultrapassar paredes.
A consciência, portanto deseja um lugar que lhe é necessário, a saber, um corpo que lhe permita prosseguir. Somente o hipócrita poderia dizer que a interrupção de sua consciência é algo lícito! Mas eles fazem assim para defender uma ideologia que lhes parece boa na contingência em que vivem. Fazem, portanto por pura conveniência, assumindo seu imediatismo num ânimo dobre.
Diante da morte não existe pessoa que em sã consciência não sinta o pesar na alma.
Neste caso podemos reconhecer que o panteísmo de Espinosa e o Deus de Nietzsche são de certa forma a mesma coisa.
Você pode até perguntar: “Mas Nietzsche não era ateu”?
Sim, sem dúvida, no entanto ele mesmo disse que se houvesse um Deus verdadeiro este invariavelmente participaria da dança do Cosmos, de colisões, impactos e busca pela sobrevivência. Ora, este é o Deus de Espinosa que está em tudo e em todos, mas não está fora desse tudo.
Espinosa não acreditava na criação Ex nihilo =Criação a partir do nada. Ele acreditava na criação: Ex Deo= Criação advinda de Deus. Assim ele não admitia que o tudo tivesse surgido do nada porque o nada, logicamente nada cria. Dada essa implicação teríamos que aceitar que Deus é igual a natureza, porque a própria natureza surge dele mesmo. Dessa forma Deus como ente auto causado gera o todo que hoje existe.
Porém, a criação: EX NIHILO de origem judaica se dá pela criação de um Deus que transcende sua matéria. Dessa forma o mundo veio do nada, no que se refere a sua substancia, logo Deus obviamente transcende a própria substancia, o Universo.
Einstein quando indagado por um Rabino acerca de sua visão a respeito de Deus disse o seguinte: “Eu creio no Deus de Espinosa, que se revela na harmonia de tudo que existe, não num Deus que se preocupa com o destino e ações humanas”.
Assim Albert Einstein admitia acreditar num Universo estático, sem expansão. Relutou em reconhecer posteriormente as evidências do Big Bang e a dinâmica do Universo. No entanto até mesmo Stephem Hawking um físico contemporâneo que de fato não é teísta perguntou de maneira respeitosa dizendo: “Quem acendeu as equações e detonou a grande explosão”?
Para mais informações sobre o Universo de Einstein veja:
É obvio demais, o Big Bang implica em que o Universo teve um início, ora isso é antagônico a visão de Espinosa e corrobora com o Ex nihilo da visão ortodoxa monoteísta.
No mais as teorias correm para alcançar status no mundo da física contemporânea, mediante evidências que possam substituir o chamado Deus das lacunas, o Deus teísta. Porém como conhecer leis que geram leis distintas, poderíamos dizer que também existem leis auto causadas?
No entanto até o presente momento a natureza é reconhecidamente um produto e o Universo dinâmico como um relógio de corda.
Fiquem agora com um áudio sobre Spinoza retirado da Enciclopédia de Geisler.
vídeo:
Nenhum comentário:
Postar um comentário