Eu ja conhecia a fábula de Dorian Gray, mas quando descobri quem tinha escrito tal literatura, fiquei intrigado, e decidi assistir o filme.
Oscar Wilde um irlandês nascido em 16 de outubro de 1854. Era protestante e converteu-se mais tarde ao catolicismo. Estudou no Trinity College e também posteriormente em Oxford. Ganhou vários prêmios de literatura, no entanto escreveu dentre muitos livros apenas um romance, Justamente: “O retrato de Dorian Gray”, considerado por alguns críticos como literatura clássica inglesa. No entanto, o único livro que li desse autor foi um pequeno tratado sobre socialismo,também muito interessante.
Mas a vida de Oscar foi marcada pelas práticas exóticas no campo da sexualidade. Embora tivesse se casado, teve muitos amantes homens, o que se reflete na história de Dorian.
No entanto Dorian Gray não era um homossexual, só que na vida hedonista e busca de prazeres cada vez mais excêntricos, acabou por vivenciar todo tipo de “suruba aristocrática” que se possa imaginar. Gray que no início era apenas um garoto inocente apaixonado pela bela Sybil Vane, uma atriz de teatro com cabelos ruivos e olhos claros, cintilantes como o céu, torna-se irreconhecível com o passar do tempo. Dominado pelos conselhos pérfidos de Lord Henry Wotton, um nobre recalcado que embora tivesse idéias fortes e extremamente duvidosas, não tinha coragem de consumá-las. Wotton era grande amigo de Basil Hallward, este último um pintor pobre, mas de muito talento que se oferecera a fazer retratos de Dorian.
O garoto acaba por se apaixonar pela própria fisionomia e a semelhança de Narciso amante de sua imagem refletida na água, Dorian se exalta em sua juventude esculpida num retrato. Depois de conquistar a jovem Sybil Vane, toma a decisão de ficar com ela, porém a indolência e o cinismo de Lord Henry inibem o relacionamento dos dois. Henry o incita a pensar que o casamento poderia tornar-lhe velho, o que seria um desperdício, já que era tão novo e cheio de saúde. Dorian rompe temporariamente com a garota, porém isso é suficiente para se enlamear com várias prostitutas. Sabendo disso Sybil não suporta o baque e se suicida, morrendo afogada e grávida. O pai da garota avisa Dorian e cobra vingança, então o garoto desesperado, afrontado e fugidio perde as estribeiras, até que seu fiel conselheiro o Lord Henry lhe diz que homens de verdade devem superar a dor, esquecer o passado e viver o novo.
A partir daí Dorian torna-se outra pessoa, totalmente insensível e insaciável em sua sede hedonista, ao ponto de numa mesma noite transar com mãe e filha em uma festa onde se comemorava o aniversário da menina.
Ele também gostava de brincar com as palavras e de maneira sarcástica dizia que se pudesse venderia a alma ao diabo em troca da juventude eterna. A trama se desenrola quando Hallward decide fazer um retrato a óleo do jovem almofadado. O Pintor dizia que era como se o pincel corresse livremente sobre a tela numa verdadeira epifania artística, mas claramente inspirada pelo demônio. O quadro em grandes proporções fica exposto na sala do senhor Gray até ele descobrir que todas as suas cicatrizes haviam sumido, incluindo uma ferida na mão que estranhamente aparece no quadro. Então Dorian passa a suspeitar no inimaginável, que o quadro tomara seu lugar na linha do tempo, preservando-lhe a juventude por toda a eternidade.
Gradativamente o rapaz se torna mais e mais corruptível, ao ponto de matar pessoas queridas acreditando ser um deus grego e, portanto com o direito sobre os fracos.
Porém conforme Dorian vai envelhecendo e tornando-se mais experiente, embora continue com a fisionomia de um garoto de 18 anos, percebe que o prazer não traz felicidade, posto que sua alma, ou seja, aquilo que os homens não podem ver era refletida no quadro, e a imagem que se via ali não era nada agradável. Na verdade era a imagem de um homem em estado de putrefação, absorvido por uma entidade demoníaca, diluído por vermes e jorrando sangue e pus para todos os lados. O jovem então decide esconder o quadro e impedir que qualquer pessoa descubra seu segredo, mesmo seu grande amigo Lord Henry Wotton. Dorian viaja pelo mundo a fora experimentando muitas coisas novas, o tempo passa, anos e décadas, então o já Sr Gray decide retornar para sua cidade na Inglaterra.
Quando ele chega ao salão de confraternizações o que não é a surpresa de seus velhos amigos?! Todos ficam atônitos, pois mais de 20 anos passaram e o rapaz continua com a mesma fisionomia. Ainda aparentava ter 18 anos. Logo começa os bochichos na cidade, diziam que ele estava sobre maldição, pois não era natural um homem se manter jovem, era sim abominável ao olhar da sociedade em geral. No entanto Dorian não deixa de se apresentar como pianista o que causa muitos burburinhos. Nesse ínterim uma jovem se aproxima do Sr Gray, era a filha de Wotton que nascera logo depois da partida de Dorian. Isso desagrada grandemente o aristocrata que decide cortar vínculos com seu grande amigo e pupilo. Porém O Sr Gray, agora arrependido de uma vida dissoluta e inútil, rende-se aos encantos da jovem que não parece se preocupar com a idade de seu amante.
Bem, obviamente evitarei contar o final do filme, até porque já é muito previsível, mas o que chama a atenção nesta fábula clássica de Wilde e justamente o que gostaria de salientar, é a riqueza da natureza como viés para o mal, a saber, a Beleza e a juventude. Oscar Wilde autor deste romance tinha uma postura filosófica que vinculava-se a superação do mundo mediante a contemplação do belo, a que ele chamou de esteticismo em vias do dandismo. Um movimento estético que tinha como pretensão a elegância e a exoticidade dos trajes, rejeitando as concepções moralizantes burguesas de sua época. Oscar ainda acreditava na Imaginação e criatividade como um dos frutos do amor. Amor este que ele misturava com seus desejos sexuais mais acentuados.
Apesar disso, esta ainda é uma fábula póstuma, porque diz respeito ao futuro da humanidade, quando os homens em seu desejo desenfreado pela juventude, poder e fama, engolirão as crianças e beberão o sangue das virgens. Desde tempos imemoriais os jovens são assediados e levados a arrogância neófita, pela sua robustez, força e beleza, na cultura do espetáculo isso se acentuou 100 vezes mais. Tanto é que nossos idosos são rejeitados pelos próprios parentes, assim como pelo mercado de trabalho, tendo que se refugiar em suas aposentadorias escondendo-se em seus quartos escuros com a testemunha de seus corpos cansados além de um aparelho de televisão ligada o dia inteiro aumentando e muito o estado depressivo dessas pessoas que trabalharam para fazer sua história. Ainda mais hoje que a expectativa de vida aumentou consideravelmente com a evolução da ciência médica, o mundo está saturado de pessoas procurando desesperadamente a fonte da juventude em detrimento da vitalidade lúdica da alma e do espírito. Veja eu não tenho problema nenhum em me cuidar, embora seja jovem ainda, vejo a necessidade de manter uma alimentação saudável que se relacione ao período de vida que estou vivenciando. Bom é fazer exercícios, se manter, na medida do bom senso, com robustez e capacidade físico- mental. Porém os traços de perversidade que veremos no futuro e temos visto como sinais em toda a história e o inconsciente coletivo, mediante fábulas e contos literários, é de uma crueldade sem igual.
O espírito de Nero, hedonista, perverso, vaidoso e homicida que se apoderou de Dorian, hoje se apodera de muitos outros jovens.
Estes vivem uma vida implacável, como deuses se colocam na frente de seus computadores ou no banco de suas motos, zunindo pelas ruas da cidade, pregando peças, destruindo almas puras, corrompendo seus corações, lutando entre si, buscando se saciar nas drogas, no sexo pervertido pelo masoquismo, nas festas fetichistas regadas de inafetividade e frieza. Com o calor de muitos corpos, mas sem calor da alma em humanidade.
A história está cheia de exemplos da busca da juventude mediante o derramar de sangue “puro”, como Elisabete Báthory, a nobre sádica que se deleitava em praticar punições em suas criadas ao ponto de, segundo alguns historiadores, beber o sangue de suas vítimas em busca da jovialidade na preservação implacável de sua vaidade. Foi criada na Transilvânia, Europa Central. Era de origem húngara, vivia num castelo e junto de seu marido, o Conde Ferenc Nádasdy, praticava perversidades sem fim até sua derradeira punição em um julgamento conduzido pelo Conde Thurzo.
Ao todo segundo uma agenda encontrada em sua casa, foram contados 650 vítimas. Ela foi aprisionada e isolada do mundo num quarto escuro do castelo de Čachtice, até sua derradeira morte.
Estes são os verdadeiros vampiros sugadores de nossas forças psíquicas, homens e mulheres com um instinto psicótico com sede de sangue, prazer e poder.
Desses, Deus enfaticamente diz: “Afasta-te deles…” São homens de sangue. Asseguro-lhes que as estorinhas de João e Maria serão recontadas, pois as bruxas dominadas por uma fome terrível caçarão nossos filhos e roubarão as suas juventudes. Cabe a nós preserva-los, na verdade da existencia, na realidade da morte e na alegria sem fim da verdadeira vida eterna que Deus está nos preparando, revestidos de corpos incorruptíveis à velhice, mas não sem o selo do cordeiro em nossas almas…
Não cacem tais bruxas, pois digo isso como alegoria e não no espírito supersticiosos de Salém, mas quando enxergarem o sinal de psicose, orem ao seu redentor.
Grande abraço a todos e acompanhem o trailer do filme: O Retrato de Dorian Gray. Isso como sinal de uma geração aprisionada na ilusão da vida em morte.
vídeo:
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