sábado, 28 de maio de 2011

O Exílio da Sabedoria


Posted: 20 20UTC março 20UTC 2011 by marcosself in Deus e a Existência

PsicologiaReligião,Social

Tags:
,,
 
Os pensadores que não me tentem. Que eles não me impeçam de pensar por mim mesmo. Que não me impeçam de me fazer ser. Pedirei a Deus todos os dias: Livra-me da retórica, porque a verdade continua na existência e só nela.
Francamente me cansa seguir alguém, não posso e nem devo fazê-lo. Já na tenra infância me cansei de seguir a mim mesmo. Pareceu-me incoerente seguir-me uma vez que na minha ignorância morreria mui brevemente.
Me propus a seguir um milhão de conselhos, mas como todos eles me pareceram contraditórios decidi dar ouvidos a apenas alguns. Derrepente vi meu senso crítico enfraquecer, deveras estava domado por ideologias. Então acordei mais uma vez, visto que a verdade não estava ali.
Olhei para o céu e me convenci de que deveria seguir o Eterno.
Mas também Ele me pareceu grande demais, o meu orgulho em segui-lo e obedecer-lhe se afogou perante o exame de sua perfeição.
Como ser um santo se tenho dentes podres? Não á como ser um dos santos anjos no mundo dos animais. A selva parecia tão diferente do céu, eu queria o céu, mas estava na selva e meus impulsos selvagens existiam por ela.
O céu é lindo de longe, mas de perto as luzes das estrelas queimam frágeis elementos como eu.
Restaria para nós o eterno retorno na confusão dos homens?
Um é o mundo dos animais e outro é o mundo dos deuses e neste paralelo se encontram os homens. Miserável, pobre, cego e nu, mas um deus. E como tal arrebanhando almas para seus reinos.
Eu não me renderei a ti meu irmão porque quando vi o céu perdi meu amor à babilônia. Não me renderei.
Mas neste caso tenho a sina de novamente voltar para mim mesmo e se isso acontecer estarei fadado à solidão e neste caso a verdade de outros se distanciará de mim. Voltarei ao Eterno que não é retorno, para ser queimado por Ele, esse é o suicídio que preciso. Direi a Ele que se sou raça eleita, o sou em miséria, se sou escolhido o sou em desonra. Nada em mim faz-me ser melhor que outros, nada. Tudo que sou é pela graça.
Também milhares de outros viveram antes de mim, questionaram como questionei, pensaram tanto quanto pensei, experimentaram o que eu experimentei e sendo o Céu uma competição como o é a Terra, digo: Serei o último que inicialmente pensava ser o primeiro.
O mundo me confunde. A natureza me confunde. A grandeza me confunde e também me confundem toda mediocridade.
Se falo contra o insano, meu corpo me compele a insanidade. Se falo contra a beleza da vida, acabo por ser seduzido por ela. A dimensão em que habito não me deixa decidir usando apenas a razão.  Não posso me decidir, assim sendo me condenam a viver no muro. O que posso fazer senão destruir o muro dos mundos paralelos? Destruí-lo significa arcar com o que sou e esperar a verdadeira redenção. Significa não mais proteger-me ou esconder-me na sombra do muro.
Queimarei toda a retórica de mil palavras, não há tese a ser provada.
Não existem homens a serem seguidos, assim como o fruto não pode ser colhido de uma árvore que não esteja enraizada na fundura do solo.
A vida me prega peças, digo que ela não me fará esquecer que a peça foi pregada em meus irmãos também. Como não olhar a vida e ver o quanto é bizarra, insana, louca, sem sentido, absurda e mesmo assim bela. A lei da vida é a lei do meu coração.
Dito isto o melhor para nós é fazer da existência nosso ensino. A dor será nosso escriba, a loucura nossa professora, o fracasso nossa tutela, o antagonismo nosso lembrete. A beleza nosso alívio, a alegria nossa esperança, até que estejamos prontos para o Eterno.
Mas será que isso o tornará pronto?
Não isso, mas tudo isso. Tudo ensina e tudo é ensinável e o próprio tudo se desenvolve. Portanto digo que não sou eu o universo, isso digo pela observação do outro. Como o “Eu” pode pensar que é o centro de um mundo que não respeita seus critérios? Se não respeita, isso prova que não é o Uno. Assim sendo o Eterno delimita e observa, mas sua Lei não é enrijecida embora seja dura como a sepultura. O Amor não é frágil, tendo a força da sepultura se flexiona mais do que um bambu.
Não há motivos em deixar de ouvir os pais, ainda que para alguns tenham morrido, não há motivos em deixar de ouvir as crianças, ainda que nada saibam me ensinarão o que eu não sei. Não há motivos em deixar de ouvir os depravados, os loucos os soberbos, eles me ensinam de maneira transversal.
Ouvirei meus antagonistas eles me alimentam e me forjam dia após dia. Ouvirei os humildes, se não sua palavras, mas suas ações, de semelhante modo darei atenção aos orgulhosos, sua queda será lição indispensável. A face do bem e a face do mal nos ensinam, falta-nos apenas dar ouvidos. Eles são os tutores, nós os alunos, no entanto nesta escola o mais sábio é o que mais ouve. Ler livros é bom, mas existem outras letras que precisam ser lidas, as entrelinhas me ensinam, o preconceito me ensina, minha imagem me constrói e segundos depois me destrói.
Bom é conhecer os limites dos meus tutores, bom e ouvir todos os meus mentores e nunca segui-los, porque o caminho que tenho de trilhar é outro. No caminho da sabedoria não temos uniformes, andamos nus. A água que cai da chuva me ensina a sensação de se estar molhado e de que seu poder avantajado me poderia afogar. O fogo de uma lareira me aquece de forma agradável, mas quando me aproximo dele torna-se agressivo.
A distância que ele tem de mim é a prova de que me ama.
Alguns já me questionaram a esse respeito: “Por que não és ensinável?” Ora, não sou “ensinável” porque sou ensinável, no entanto o seu ensinável é diferente do meu ensinável.
Eu aprenderei até se rejeitar ou aceitar aprender o que já sei. A promessa do Eterno é de que teríamos um guia. O vento que sopra aonde quer. Este vento não vacila, quando assobia torna mestre uma criança e quando se acalma faz o sábio reconhecer que é um tolo.
O messias disse: A ninguém chameis de mestre, assim sendo se um dia alguém reconhecer-me como algo que seja parecido com um mestre eu lhe direi abertamente: “Não me siga”. Seja igual a mim, siga o vento que tem me empurrado, para que por assim dizer seja maior que eu. A existência ensina: “Não concorra… Viva.” E a vida diz:“Viva e lute.”
Ora, então viver é competir e nesse caso a existência estaria errada? Não, em absoluto. A existência está certa. Porque primeiro se vive e depois se luta. Os animais nos ensinam que não á propósito na luta se não pela vida, que competir não é um jogo. A competição deveria existir para que não houvesse mais competição. Mas o sistema atual de sociedade não permite que a competição acabe fazendo com que a porção animal humana se delimite a um grau inferior aos próprios animais. Até os predadores nos ensinarão e o homem pacífico que luta, luta por causa do seu rebanho e é reconhecido como mestre não porque quis ser mestre. Não teve como usurpação ter-se em conta diante de outros. O sábio que é sábio constrange a justiça para que ela o conclame.
Quem é meu Pai senão o Celeste, quem são meus irmãos senão aqueles que são soprados por Ele?
O que eu odeio me ensina e  minha válvula de escape é  denunciar os loucos de  sabedoria babilônica. No  mar de confusão precisam  de uma voz que os guie e  gritam desesperadamente  por Moshé:
“Fale o Senhor com  Moisés e seja ele nosso  intermediário.”
Moisés nunca desejou sê-lo! O homem que teve o deserto como tutor, nunca quis ser chamado de mestre, guia, ou pai. A preeminência da existência é justamente destruir nossos desejos supérfluos por isso não os proíbe jamais.  O príncipe do Egito não queria ser mais príncipe. Esse é o espírito que me ensina: O de não desejar mais ser o “príncipe” quando me vejo matando um homem e fugindo desfalecido no deserto. Quem sou eu para desejar o reino nesta total corruptibilidade?
Mas Moisés compete, porque luta pela libertação de  seu povo, demonstrando claramente que não era um  demagogo legalista. Ele compete por que não queria  competir, assim era livre pra competir pelo que  precisava competir.
Na saída do Egito Moisés não os ensina ele simplesmente é compelido novamente ao deserto, levando o povo para na liberdade, aprender a liberdade com o deserto. Eles não aprendem e por isso se submetem ao jugo do próprio Moisés.
O profeta é meu irmão maior que eu, mas ele não quis que fosse assim.
O Redentor disse a Jeremias: “… com amor eterno o atraí…”. Estamos a ser atraídos pela fogueira da sarça que não para de arder. E quando estiver-mos envolto em chamas é provável que nosso corpo não se corrompa. Assim um dia o veremos como Ele é.
Precisamos para isso nos livrar dos critérios de julgamento do mundo.
O preconceito nasce da história de vida de um indivíduo, ou seja, ele julga conforme o que conhece, e conforme o que viveu até o presente momento, assim não há ninguém que não reconhecendo sua ignorância universal não seja preconceituoso. Não julgueis para que não sejais julgados, pois com a mesma medida que julgardes sereis julgados – disse Yesus, isso significa: Não julgue apressadamente e tão pouco condene de maneira temerária, posto que muitos escaparão do seus critérios, e pra dizer a verdade minha meta hoje é escapar de todos os critérios dos muitos.
Assim quem sabe meu sonho de voar se realize

Nenhum comentário:

Postar um comentário